Ciúme "O ladrão da liberdade"

08/06/2015 20:31

O ciúme pod ser evidenciado em diferentes tipos de relações interpessoais, porém este presente texto tem como objetivo abordar o ciúme associado aos relacionamentos amorosos. O ciúme é definido por White (1981) como “complexo de pensamentos, sentimentos e ações que se seguem as ameaças para a existência ou a qualidade de um relacionamento, enquanto estas ameaças são geradas pela percepção de uma real ou potencial atração entre um parceiro (talvez imaginário) e um rival”. Almeida e Lourenco (2011), apontam que, apesar de definições variadas sobre o ciúme,  existem alguns conceitos comuns entre muitos autores sendo estes:

  • ser uma reação frente a uma ameaça percebida;
  • haver um rival real ou imaginário;
  • a reação visa eliminar, ou ainda, diminuir os riscos da perda do objeto amado.

O ciúme é uma expressão comum e saudável nas relações, como demostração de afeto e zelo. Mas,  quando perceber que este ciúme está ultrapassando os limites da dita normalidade? Geralmente, o ciúme patológico se expressa através de atitudes extremas de privação de liberdade do parceiro e uma vigilância constante como, por exemplo, bloquear contas em mídias sociais, adquirir a senha do parceiro e vigiá-lo constantemente, fiscalizar as roupas que o mesmo usa, ligar inúmeras vezes ao dia para saber onde a parceiro(a) está e com quem e algumas vezes pedir até mesmo para dar provas como tirar fotos. A pessoa ciumenta apresenta um comportamento vigilante, ansioso, explosivo, desconfiado, agressivo, acusador, estressado o que leva muitas vezes a atuar de forma descontralada e constrangedora em público. As ações são direcionadas a controlar o outro de diversas formas seja atraves da manipulação, ameaças, agressões, intimidação, humilhação ou qualquer outra ação que gera prejuizo emocional ou físico a vítima. Este comportamento pode ter consequências graves como a violência física e verbal, aprisionamento físico e em casos extremos ao homicídio.

Através da minha prática clínica, levantei hipóteses de que a pessoa fica confusa com o comportamento do parceiro alegando “ele é um ótimo pai” “todos meus amigos acham ele muito legal” “ele é simpático”. Como focam neste lado “simpático” acaba justificando o outro lado ciumento. Como ressalta Almeida e Lourenco (2011), “através de mecanismos de controle a liberdade do parceiro (a) o comportamento do agressor se esconde por detrás da máscara da simpatia”.

O ciúme não é somente algo individual, mas também é reforçado socialmente. O ciúme é tido popularmente como prova de amor, como forma de dar um tempero na relação. Muitas pessoas acreditam que se o parceiro não sente ciúme é porque o mesmo não a ama. Assim, a manifestação do ciúme é reforçado pelo senso comum e muitas vezes camufla quando o mesmo se torna prejudicial. Observo na minha prática clínica muitos casos em que o parceiro agredido permanece na relação por acreditar que o agressor faz tudo isto por amor e zelo ou muitas vezes até justificando sua atitude ou colocando a culpa da agressão em si mesmo. Uma pesquisa realizada por Vandello e Cohen (2003), aponta que em sociedades caracterizadas pela chamada “cultura de honra” como a brasileira, abrigam crenças patriarcais sociais que justificam a violencia contra a mulher pelo fato de a mesma ter ofendido a reputação masculina e a agressão é considerada uma maneira de restaurar parte da reputação. Portanto, podemos observar que o ciume não é algo somente relacionado ao indivíduo, mas tambem é reforçado por crenças sociais que são internalizadas pela sociedade e consequentemente influencia a maneira da sociedade agir e pensar, mesmo que inconscientemente. Então, mais que um tratamento para o indivíduo em si, o trabalho deve ser focado também em uma mudança cultural.

 

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